O salão da Casa do Alentejo voltou a acolher, nas condições especiais ditadas pela epidemia de COVID-19, uma sessão pública do CPPC de solidariedade com a América Latina. Na mesa, com Ilda Figueiredo, estavam os embaixadores de Cuba e da Venezuela em Portugal, Mercedes Martínez e Lucas Rincón Romero.
A animar os presentes estavam as recentes vitórias na Bolívia e no Chile – no primeiro caso, a retumbante vitória eleitoral do MAS, derrotando o golpe de Estado de há um ano; no segundo, o referendo por uma nova Constituição, que desferiu um golpe fatal no que resta do fascismo de Pinochet. Mas apesar destes importantes avanços, prossegue a ação desestabilizadora dos EUA e das oligarquias ao seu serviço, denunciaram na ocasião os dois diplomatas.
Com a aproximação das eleições legislativas venezuelanas, somam-se as tentativas para isolar o país, acusou Lucas Rincon, lembrando que concorrem ao pleito 107 formações políticas, das quais 98 se opõem ao governo bolivariano. O embaixador denunciou ainda as consequências económicas e sociais do bloqueio norte-americano e do saque dos recursos soberanos do país levado a cabo pelas grandes potências ocidentais, servindo-se do seu «presidente interino» Juan Guaidó.
Mercedes Martínez, por seu lado, valorizou a ação internacionalista do seu país, que mesmo confrontado com um longo e brutal bloqueio económico, comercial e financeiro, enviou quase 4000 profissionais de saúde para 35 países para aí darem combate à epidemia de COVID-19. O contingente Henry Reeve, especializado em epidemias e catástrofes, bem merecia vencer o Prémio Nobel da Paz, defendeu Mercedes Martínez.
Pedro Prola, do núcleo de Lisboa do PT (Brasil), deu a conhecer os desenvolvimentos recentes da situação no seu país, marcado pelo forte impacto da epidemia e pelo ataque a direitos e garantias, mas também pela resistência das forças democráticas. Augusto Fidalgo, da Associação de Amizade Portugal-Cuba, lembrou o golpe falhado na Nicarágua e garantiu que as vitórias no Chile e na Bolívia constituirão um estímulo para um novo avanço progressista na região.
Ilda Figueiredo, a terminar, reafirmou a solidariedade de sempre do movimento da paz português à luta dos povos latino-americanos e caribenhos pela sua libertação nacional e emancipação social e deu a conhecer um conjunto de ações que o CPPC leva a cabo: da petição pela adesão de Portugal ao Tratado de Proibição de Armas Nucleares a exposições de artes plásticas, passando pelos já obrigatórios Concertos pela Paz.