
Na sequência da visita do ministro dos negócios estrangeiros marroquino a Portugal e do encontro com o ministro dos negócios estrangeiros português, foi divulgada, no passado dia 22 de Julho uma declaração conjunta Portugal-Marrocos, na qual é expresso o alinhamento do Governo português com a inaceitável posição de Marrocos, que ocupa ilegalmente territórios do Sara Ocidental.
Na declaração, o Governo português expressa o seu apoio «à iniciativa marroquina de autonomia», como se esta não estivesse em contradição com o direito internacional e seja utilizada para impedir o cumprimento dos direitos nacionais do povo sarauí, nomeadamente à auto-determinação, como estipulado em resoluções da ONU.
Esta posição do Governo português era inaceitável em maio de 2023, como o CPPC então denunciou, e continua a sê-la em julho de 2025, por desrespeitar os princípios da Carta das Nações Unidas e o direito internacional.
Ao mesmo tempo e para além do elogio mútuo dos governos, fica claro na declaração o esquecimento de que em outubro próximo se assinalarão 50 anos da ocupação ilegal de territórios do Sara Ocidental por Marrocos, onde, desde então, exerce uma violenta repressão sobre a população sarauí que vive nos territórios ocupados, ataca territórios sob o controlo da Frente Polisário e explora ilegalmente recursos do Sara Ocidental.
Do mesmo modo, evocando hipocritamente o «apego aos princípios» da «resolução pacífica de conflitos e ao respeito pela integridade territorial e pela soberania dos Estados» bem como o «apoio à resolução 2756 do Conselho de Segurança da ONU», a declaração omite deliberadamente as Resoluções 1514 (1960) e 2229 (1966) da Assembleia Geral das Nações Unidas que determinam, respetivamente, a necessidade de pôr fim ao colonialismo, e o direito do povo sarauí à autodeterminação, ou ainda a Resolução 2756 (2024), do Conselho de Segurança da ONU, que renovou o mandato da Missão das Nações Unidas para o Referendo no Sara Ocidental (MINURSO), que, desde 1991, tem como objetivo fundamental o cumprimento da autodeterminação do povo sarauí, direito que até hoje não foi concretizado devido ao permanente boicote das autoridades marroquinas.
Repudiando a posição assumida pelo Governo português face ao direito de auto-determinação do Sara Ocidental, o CPPC reafirma que, o Governo português está constitucionalmente obrigado a tomar uma clara posição de rejeição da ilegal ocupação de territórios do Sara Ocidental por parte do Reino de Marrocos e de exigência do cumprimento do direito à autodeterminação do povo sarauí.
O CPPC apela à expressão da solidariedade para com a luta do povo sarauí e da Frente Polisário, sua legítima representante, contra a ocupação e opressão do Reino de Marrocos e pelo respeito e concretização do seu inalienável direito à autodeterminação.
A Direção Nacional do CPPC
24 de julho de 2025