O CPPC participou na Conferência Sindical Internacional de Solidariedade com os Trabalhadores e o Povo Palestiniano, promovida pela CGTP-IN e a União Geral dos Trabalhadores Palestinianos (GUPW), nos dias 14 e 15 de Dezembro, no auditório do Inovinter, em Lisboa.
José Baptista Alves, Vice-Presidente da Direcção do CPPC, teve oportunidade de intervir na conferência, onde participaram Arménio Carlos, secretário-geral da CGTP-IN e Mohmad Yahya, secretário-geral adjunto da GUPW, para além de responsáveis de diversas centrais sindicais de outros países, de dirigentes sindicais nacionais e de várias organizações portuguesas.
Na Conferência foi aprovada uma declaração de solidariedade com os trabalhadores o povo palestiniano.
Intervenção de José Baptista Alves, em nome do CPPC:
Em primeiro lugar cumpre-me, em nome do CPPC, agradecer à CGTP-IN e à Central Sindical Palestiniana o convite para participarmos nesta Conferência Sindical Internacional de Solidariedade com os Trabalhadores e com o Povo da Palestina, felicitá-los por esta iniciativa e manifestar-lhes o nosso total e permanente empenho na causa da libertação do povo da Palestina.
Aquilo que queremos trazer aqui hoje é tão só o nosso abraço solidário a todos os que lutam, sem tréguas, aqui e em muitos outros lugares da Terra, pelo direito do povo palestino a um Estado independente e soberano dentro das fronteiras de 1967 e com Jerusalém leste como capital. Este nosso abraço solidário com toda a força que o povo de Portugal que hoje somos, renascido na revolução de Abril de 1974, soube e quis plasmar no Artº 7º da Constituição da República Portuguesa, vai em particular para o povo mártir da Palestina a quem, nas pessoas do Sr. Embaixador aqui presente e dos representantes da Central Sindical Palestiniana, saudamos vivamente e a quem rendemos a nossa homenagem pela sua coragem e determinação, na certeza de que a Palestina vencerá.
Enfrentando o silêncio cúmplice dos grandes meios de comunicação social - enfeudados à estratégia belicista do Imperialismo norte-americano e seus aliados e transformados em meros retransmissores da campanha ideológica de desinformação que visa legitimar os seus crimes – o CPPC tem mantido uma prática de denúncia das constantes violações do Direito Internacional perpetrados pelo Estado de Israel, através de iniciativas próprias ou participando em acções desencadeadas por outras organizações, das quais destaco:
- Em 21 de Dezembro de 2011, tomada de posição sobre o lema “recordar o massacre de Gaza - por uma Palestina livre e independente! Por uma paz justa e duradoura no Médio Oriente” subscrita por 22 organizações;
- Em 27 de Dezembro de 2011, distribuição de documento do CPPC por ocasião do aniversário do massacre de Gaza, no qual se denuncia a violenta e destruidora intervenção militar de Israel contra o povo palestiniano na Faixa de Gaza, em Dezembro de 2008;
- Em 13 de Maio de 2012, tomada de posição denunciando uma nova escalada da agressão israelita à Faixa de Gaza, com bombardeamentos sucessivos provocando dezenas de mortos e feridos;
- Em 30 de Março de 2012, carta aberta à Embaixada de Israel por ocasião do dia da Terra;
- Em Abril de 2012, tomada de posição de solidariedade com os presos políticos palestinos nas prisões israelitas, subscrita por 20 organizações, seguida de um acto público em 17 de Maio, frente à Embaixada de Israel, em Lisboa;
- Em 15 de Maio de 2012, intervenção do CPPC em debate promovido em parceria com o MPPM sob o lema “Nakba 64 anos – a luta contra o esquecimento”, realizado em Lisboa;
- Em 18 de Setembro de 2012, tomada de posição assinalando os “30 anos do massacre de Sabra e Shatila” perpetrado pelos falangistas libaneses com o apoio de exército de Israel, de 16 a 18 de Setembro de 1982;
- Em 3 de Outubro de 2012, por ocasião da Assembleia Geral da ONU em que, uma vez mais o CPPC toma partido pela defesa dos legítimos direitos do povo palestino, pugnando para que a Palestina seja membro de pleno direito das Nações Unidas;
- Em 22 de Novembro de 2012, acto público de protesto em Lisboa frente à Embaixada de Israel promovido pelo CPPC, pela CGTP e pelo MPPM sob o lema “Fim ao Massacre em Gaza! Palestina livre e Independente! Pela paz no Médio-Oriente” simultaneamente no Porto teve lugar uma concentração na Praça dos Poveiros sob o lema “Contra a agressão a Gaza! Pela paz no Médio Oriente!”.
Referi apenas acções realizadas no período correspondente ao mandato da actual Direcção Nacional, sendo certo que, como é do conhecimento geral a acção do CPPC na defesa da Causa Palestiniana tem sido uma constante desde a criação do CPPC, ele próprio também nascido da Revolução de Abril e é bom lembrar também que muito antes da existência do CPPC a causa da Palestina teve em Portugal eco e expressão importante pela resistência anti-fascista.
Lembrar, não deixar esquecer, foram palavras de ordem das manifestações de protesto de 22 de Novembro e não me dispenso de repetir aqui o que por nós foi dito em frente à Embaixada de Israel:
”BASTA DE MASSACRES”
Estamos aqui para recordar e não deixar esquecer o massacre cometido pelo regime sionista de Israel contra a população palestina da Faixa de Gaza, 23 dias de bombardeamentos e atrocidades – de 27 de Dezembro de 2008 a 18 de Janeiro de 2009 -, que provocaram cerca de 1400 mortos e 5000 feridos, a maioria dos quais civis palestinos, incluindo centenas de crianças, e a destruição de infraestruturas indispensáveis para assegurar a resposta às necessidades básicas da população daquele território que há anos está sob bloqueio israelita. Depois deste massacre, o exército de Israel manteve, de forma regular, a Faixa de Gaza sob ataque, provocando dezenas de mortos e centenas de feridos entre a população palestina, ataques que no passado mês de Novembro assumiram novamente grandes proporções com sucessivos bombardeamentos e envolvendo meios militares poderosos, provocando mais de centena e meio de mortos e mais de mil feridos.
Estamos aqui para recordar os milhares de hectares de terra palestina que foram expropriados e os milhares de habitações que foram destruídas e os seus legítimos donos expulsos, terras posteriormente ocupadas por colunatos ilegais, que actualmente continuam a ser construídos.
Estamos aqui para recordar que Israel ergueu um muro de separação, construído na quase totalidade em território palestino. Um muro, que Israel apresenta como “defensivo” mas que é uma forma particularmente cruel do regime de segregação que impõe ao povo palestino.
Estamos aqui para denunciar que o muro de separação, a densa malha de colunatos, as estradas reservadas a colonos, as inúmeras bases militares, barreiras e postos de controlo que permitem ao colonialismo israelita controlar directamente quase 50% do território da Cisjordânia, incluindo os seus recursos naturais, nomeadamente o acesso à água.
Estamos aqui para denunciar que a Faixa de Gaza, alvo de um cruel bloqueio, está desde 2006 transformada numa imensa prisão, onde nada nem ninguém entra ou sai sem prévia autorização de Israel, e onde tudo falta, incluindo os bens e os serviços essenciais à sobrevivência da população, naquele que é um dos territórios mais densamente povoados do mundo.
Estamos aqui para denunciar as inúmeras e diárias humilhações e degradantes condições de vida que o regime sionista de Israel impõe ao povo palestino.
Estamos aqui para denunciar os milhares de prisioneiros políticos palestinos nas prisões israelitas.
Estamos aqui para denunciar os milhares e milhares de refugiados palestinianos, impedidos de viver na sua terra.
O reconhecimento no passado dia 29 de Novembro da Palestina com Estado Observador pela Assembleia Geral da ONU foi uma importante vitória para o povo da Palestina e uma pesada derrota para o Estado de Israel e seus aliados mais empedernidos, mas foi sobretudo um sinal de esperança para toda a Humanidade amante da Paz.
A arrogância do Governo Israelita ao assumir o prosseguimento da construcção de novos colonatos na Faixa de Gaza não tem paralelo na História do pós 2ª Guerra Mundial e é uma afronta à comunidade Internacional pelo acinte e reincidência no desrespeito das resoluções das Nações Unidas.
Como foi afirmado no Fórum Mundial de Porto Alegre pela Presidente do Conselho Mundial da Paz, Socorro Gomes, a propósito desta manifestação explícita de ódio e vingança inusitados, “assim é que para os povos vai ficando muito claro quem não quer a paz e se opõe ao diálogo no Médio Oriente”.
É por isso também que hoje aqui é importante denunciar a hipocrisia e o cinismo da administração norte americana e seus aliados que recorrentemente desculpam e apoiam o agressor e responsabilizam a sua vítima, o povo palestino, demonstrando assim a sua cumplicidade ante os crimes cometidos pelo regime sionista de Israel.
O CPPC não confunde o agressor com o agredido, o colonizador com o colonizado, o opressor com o oprimido, o explorador com o explorado, o criminoso com a sua vítima, o regime sionista de Israel com o povo palestino. E tão pouco confunde o regime sionista com o povo israelita e as forças e milhares activistas da paz israelitas – a quem saúda pela sua coragem e dignidade – que intervêm por uma solução e paz justa no Médio Oriente, no quadro da Carta da ONU e no respeito das resoluções das Nações Unidas.
O CPPC reafirma o direito do povo palestino à Paz, à Liberdade, a uma vida digna e a um estado independente, soberano e viável, dentro das fronteiras de 1967, com Jerusalém leste como capital.