"Nos 70 anos da derrota do nazi-fascismo, celebrar a vitória, defender a Paz"
Em nome do Conselho Português para a Paz e Cooperação saúdo os nossos convidados e aderentes, e de um modo particular Roger Cole do Movimento da Paz Irlandês (PANA), Mario Franssen do Movimento da Paz Belga (INTAL) e todos os participantes nesta importante conferência "Nos 70 anos da derrota do nazi- fascismo, celebrar a vitória, defender a Paz". Saúdo igualmente as organizações que aceitaram o nosso convite e aqui estão presentes, designadamente a CGTP-IN, o MDM, a embaixada da Venezuela, os representantes dos núcleos do CPPC de várias regiões do País, desde o Porto, Coimbra, Lisboa, península de Setúbal, Évora, Beja, Moura até ao Algarve.
Em nome da direcção nacional informo também os nossos convidados que se realizou esta manhã a 26ª Assembleia da Paz que aprovou os nossos Relatórios de Actividades e de Contas e decidiu apelar ao empenhamento cada vez maior de todos os amantes da Paz, dada a complexidade da situação que se vive.
Foi também com esse objectivo que decidimos realizar esta Conferência por consideramos importante assinalar o 70.º aniversário da vitória sobre o nazi-fascismo na Segunda Guerra Mundial, reafirmar a determinação do CPPC em prosseguir e intensificar a acção de esclarecimento e mobilização da opinião pública para a defesa da Paz, da segurança e cooperação internacionais e para a amizade e solidariedade entre os povos, dando o seu contributo para que tragédia semelhante à que terminou há 70 anos nunca se venha a repetir.
Foi também com este objectivo que preparámos a exposição de 10 painéis intitulada "Nos 70 anos da derrota do nazi-fascismo, celebrar a vitória, defender a Paz", que acabámos de visitar rapidamente. É mais um instrumento de trabalho para apoiar escolas, associações e todas as organizações interessadas na defesa e promoção da Paz, no desenvolvimento de uma cultura de Paz. A partir de agora, os interessados podem contactar o CPPC para utilizar esta exposição e apoiar a realização de palestras e debates sobre esta temática. É mais uma exposição a juntar às duas que o CPPC já tinha – “Construir a Paz com os valores de Abril” e “ 100 anos da Grande Guerra e luta pela Paz” - que tem utilizado para realizar exposições de denúncia da guerra e da luta pela paz, conferências e palestras em escolas e colectividades em diversas regiões de Portugal alertando para os perigos, denunciando o fascismo, lutando contra o branqueamento da história.
Perante as ameaças e os perigos que a actual situação internacional comporta – com a disseminação de focos de tensão e conflitos, com a crescente tensão entre potências nucleares, com a proliferação de bases militares estrangeiras e uma inédita corrida aos armamentos –, o CPPC realça a necessidade de mobilizar vontades e despertar energias em favor da Paz, do desarmamento, da dissolução dos blocos político-militares, do fim das bases militares estrangeiras, do respeito pela soberania dos estados e pelos princípios consagrados na Carta das Nações Unidas. É este o caminho que interessa à Humanidade. É este o compromisso de sempre do CPPC.
O CPPC entende ser este o momento indicado para valorizar os que resistiram, que deram a liberdade e a própria vida para pôr fim à guerra, para libertar os povos subjugados, para pôr fim à tirania nazi-fascista. E, também, para realçar os avanços alcançados no pós-guerra pelos povos da Europa e do mundo: à saúde, à educação, à protecção social, à igualdade entre homens e mulheres e, no caso dos povos das colónias e países dependentes, o direito a decidirem soberanamente do seu destino, pondo fim aos impérios coloniais.
Evocar a vitória sobre o nazi-fascismo obriga todos quantos defendem a paz, a liberdade e a solidariedade a repudiar e combater activamente o regresso de valores retrógrados, de tipo fascizante, neocolonial e belicista; a desmascarar os interesses e falsos pretextos que se escondem por detrás das guerras; a intervir com convicção para defender a paz, valor essencial para garantir o bem-estar, o desenvolvimento, a felicidade e a própria vida no planeta.
Sete décadas após esta data histórica, graves ameaças pairam sobre os povos do Mundo: os focos de tensão multiplicam-se, do Médio Oriente à Ásia Central, da Europa de Leste ao Pacífico, de África à América Latina; a tensão das potências ocidentais, designadamente dos EUA, da União Europeia e da NATO, face à Federação Russa e à China, assume proporções inéditas e consequências imprevisíveis; a corrida aos cada vez mais sofisticados e destruidores armamentos e as despesas militares não mostram sinais de abrandamento.
Em muitos países ressurgem tendências securitárias e antidemocráticas face às políticas anti-sociais, ditas de austeridade, de que temos diversos exemplos na Europa, a que acrescem as graves consequências da destruição de países no norte de África, como a Líbia, e no Médio Oriente, com destaque para a tragédia dos imigrantes e a sua morte no Mediterrâneo, a manutenção do colonialismo no Sara Ocidental, a ocupação da Palestina por Israel. ´também verdade que noutros países se registem processos de avanço libertador e democrático, como vemos na América Latina, os quais, no entanto, continuam sob grande pressão a exigir também a nossa solidariedade.
Por isso, perante tais perigos e ameaças, é mais importante do que nunca continuar e alargar o campo dos defensores activos da Paz.
Neste aniversário, o CPPC evoca o surgimento, poucos anos após o fim da guerra, de um movimento da paz democrático, progressista e antifascista, que congregou conhecidas personalidades das artes, da cultura e da ciência, de diferentes nacionalidades, convicções políticas e crenças religiosas. Criado em 1949-50, o Conselho Mundial da Paz (que o CPPC integra) constituiu-se como um polo agregador de todos os que se opunham e opõem à guerra, às armas nucleares e de destruição massiva, à corrida aos armamentos e às bases militares estrangeiras. O Apelo de Estocolmo, pela proibição das armas nucleares, recolheu muitos milhões de assinaturas em todo o mundo. Em Portugal estamos a assinalar os 65 anos deste Apelo com uma iniciativa pública e um abaixo-assinado contra as armas nucleares.
De igual modo, estamos a procurar organizar com outras associações e sindicatos iniciativas de denúncia das manobras militares da NATO que vão decorrer em grande escala em Portugal, Espanha e outros países do sul da Europa, no próximo outono.
Confiando na justeza dos seus ideais e princípios e na construção de um futuro melhor, o Conselho Português para a Paz e Cooperação reafirma, com inabalável determinação, o seu compromisso de sempre: agir lado a lado com todos os homens e mulheres que resistem e intervêm, no plano nacional e internacional, com a aspiração e a convicção de que é possível um mundo justo, democrático, solidário e de Paz.
Muito obrigada a todos os que vieram participar connosco nesta importante iniciativa.
Como sempre dizemos no CPPC – Pela Paz, todos não somos demais.
Ilda Figueiredo